Programa de índio

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Durante as expedições que faço pelos territórios da Televisão, acabo descobrindo coisas idiotas e coisas interessantes, igualmente distribuídas. A UTV – canal 16 na Net – retransmite programas produzidos por algumas universidades do Rio de Janeiro, entre outras a PUC, a Gama Filho, a Estácio e o IME. A programação é diversa e tem seus altos e baixos. Ontem, zapeando com o controle, parei ali quando vi um índio, com a cara e o corpo pintados, sendo entrevistado. Ele explicava à apresentadora Natashi, do programa “Papo Cabeça”, que Quidelaia, seu nome dado por seu pai, significa tamanduá. Fiquei sem saber a que tribo pertencia, etc e tal, mas pelos desenhos – Quidelaia falou que eram feitos com Jenipapo e duravam trinta dias no corpo – parece vir da Amazônia. A entrevista não foi lá grandes coisas.
Os pobres índios, antigos donos do pedaço, agora são considerados figuras secundárias e seres exóticos, assim como araras e tucanos. Dá pra imaginar um cenário science fiction no futuro, onde, invadidos e conquistados por ETs, venhamos a desempenhar tal papel… É bom saber que o número de índios na época do descobrimento, só em território brasileiro, chegava a 5 milhões de nativos, mais ou menos. Hoje, não passam de 370 mil, o correspondente aproximado a 0,2% da população total do país. Era muita gente. Mesmo assim, existem ainda mais de 220 povos indígenas no Brasil, distribuídos por todo o território e concentrados em maioria de 60% na chamada Amazônia Legal. Aqui no Rio a população nativa é a dos guaranis.
Em todo o país são faladas cerca de 180 línguas indígenas, umas mais outras menos semelhantes entre si. Os nossos camaradas são em geral grandes poliglotas. Entre os povos do rio Negro, os homens costumam falar de três a cinco línguas, ou mesmo mais, havendo indivíduos que dominam de oito a dez idiomas. Em alguns casos, como entre os Uaupés, além de línguas de diversos troncos indígenas, eles utilizam também o Português e o Espanhol.
Eu acho que, na próxima ocasião em que eu for à Niterói, vou dar uma paradinha ali em frente da estação das barcas e fazer reverência ao grande herói Araribóia. É assim que gostaríamos de ser tratados no caso de invasão dos Greys, não é?

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1 Comment so far

  1. Nuno Virgílio (unregistered) on July 26th, 2006 @ 7:47 pm

    É por essas e outras que eu acho “Índios”, da Legião Urbana, a maior música brasileira de todos os tempos.

    Todas as raízes da nossa corrupção, da nossa injustiça e do nosso maldito subdesenvimento estão ali, no massacre dos povos indígenas narrado por Renato Russo.



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