Deixe seu recado após o sinal
Num mundo em que você precisa ser famoso e a favor ou ter muito dinheiro para falar às massas (vai ver quanto custam 30 segundos de comercial na Rede Globo, uma semana de exposição num outdoor, uma hora de programa numa rádio), as pessoas queimam a mufa para dar seu recado di grátis.
Nas grandes cidades, o negócio é subir na estátua, falar mais alto, cuspir fogo, ou o que você conseguir inventar pra chamar a atenção. Aqui no Rio, neguinho vem descobrindo cada vez mais… o chão. É, o chão, esse desprezado, cama dos mendigos e dos mal amados… Os recadinhos estão lá, nos cruzamentos, nas esquinas ou nas faixas de pedestre (pedaços de chão que a gente costuma olhar com a atenção que damos à nossa própria vida).
Alguns chamam mais a atenção que muito outdoor, como é o caso da Suelen Country, da foto aí embaixo, candidata a deputada na última eleição. O link anunciado já foi pras cucuias, mas a Suelen continua lá, coladinha na faixa de pedestres que fica em frente à Rua Sete de Setembro, na Praça Quinze. O recado não tem nada de mais, a não ser o veículo: o local é um dos mais freqüentados pelos pedestres no Centro. Por ali passam milhares de pessoas todos os dias, vindas de Niterói e adjacências (via barcas) ou dos ônibus que passam no Mergulhão.
Outro caso famoso de “recado de solo” são as placas Toynbee, com a famosa (e misteriosa) inscrição que apareceu no chão de cruzamentos movimentados em diversas cidades das Américas no começo do novo milênio. O Rio tinha algumas delas, como você pode ler aqui.
Foto: Tiago Teixeira
Muito bom esse negócio de Toynbee. Entrei lá no site e fiquei louco. Sou fascinado com essa comunicação subversiva – entendendo que qualquer mensagem que esteja pintada num muro é subversão, desde a propaganda da explicadora, o cara que faz frete, até as mensagens que pedem que as mulheres do proletariado peguem em armas.
Um amigo me contou uma maravilhosa que via no Caju, acho, na linha do “Fora Globo” (com o símbolo da emissora no lugar dos Os), mas com muito mais humor. Ou mau humour:
“Imprensa pederasta”, em letras brancas.