Receita de cidade nova

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Para você ganhar uma cidade nova
da cor do pôr-do-sol no posto nove, ou da cor da sua paz,
cidade sem comparação com tudo o que tem havido
(e todo mundo sabe o que tem havido)
para você ganhar um Rio de Janeiro
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas nele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa fumar, nem cheirar, nem encher a cara de birita,
não precisa escrever post em lugar nenhum
(planta tem blog?)

Não precisa
fazer lista de reivindicações
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de amanhã as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre a cidade e os cidadãos,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Rio de Janeiro novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que a cidade maravilhosa
cochila e espera desde sempre.

(Adaptação do poema de Drummond)

foto: Monique Cabral

1 Comment so far

  1. raphael5000 (unregistered) on December 30th, 2007 @ 3:29 pm

    q foto bacana



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