Archive for the ‘Comida’ Category

Gringa in Rio e as tradições do Rio de Janeiro

Adventures of a Gringa in Rio foi gentil ao notar nossa admiração pelo seu olhar interessado e interessante pelo Rio de Janeiro.
Pra provar que temos razão, hoje há lá um novo ótimo bilhete sobre uma de nossas instituições: a loja Lidador, de comércio de sabores.
Mas o Adventures of a Gringa in Rio é também uma excelente fonte de informação sobre os assuntos mais variados e inesperados. Não percam este instigante post sobre a imigração de Conferados dos Estados Unidos para o Brasil logo após a Guerra Civil americana que eu já havia favoritado em outro contexto.

Rio que mora no mar

O jornal O Globo de hoje traz, na coluna Boa Gente do Segundo Caderno (infelizmente só disponível na net para assinantes, o que eu lamento, mesmo sendo assinante), depoimentos de vários cariocas ilustres sobre os “sabores perdidos” do Rio de Janeiro.

Uma reportagem deliciosa para a memória.

Em destaque, o depoimento de Elizabeth de Mattos Dias que distribui por e-mail listas com as boas coisas do Rio. (Suspeito que o O novo blog Rio que mora no mar , ainda sem identificação de autoria, seja é uma criação dela. O primeiro post é lindo. Tomara que ela tome gosto pela coisa!)

Transcrevo a lista de Elizabeth:

ÁGUA NA BOCA

    1. O arroz doce da leiteria Mineira;
    2. O mingau da Boi;
    3. Sorvetes do Morais, em Ipanema, a Sorveteria das Crianças;
    4. A banana split da lanchonete da Mesbla;
    5. A comida árabe do Baalbek, na Galeria Menescal, em Copacabana;
    6. O cassoulet do Penafiel;
    7. O espaguete do Giotto, em Botafogo;
    8. Os pastéis do Bar do Adão, no Grajaú e em Botafogo;
    9. Os bolinhos de bacalhau do Rei do Bacalhau, no Encantado;
    10. O pão francês da padaria Eldorado, em Ipanema;
    11. As tortas da Gerbô;
    12. Doces da Confeitaria Tijuca (onde hoje fica uma Lojas Americanas);
    13. O cachorro quente das lojas Americanas;
    14. A maçã caramelada da Galeria Menescal;
    15. Angu do Gomes na Praça XV;
    16. Mate no copo de papel com base de alumínio da Casa Flora, na Ramalho Ortigão;
    17. Laranjada americana da Travessa do Ouvidor;
    18. Pirulitos de cone nas ruas;
    19. Madrilenho da confeitaria Manon;
    20. Maravilha de camarão da Colombo.

Concordo com tudo e muitas dessas comidinhas faziam parte do meu menu até o início da década de 70.

Algumas observações pessoais sem fugir da lista original:

15. O Angu do Gomes da Praça XV está presente em muitas destas listas… Estudante, morador de Niterói e freqüentador da Praça XV e do Largo do Machado em horas fora do relógio dos seres humanos normais, eu ataquei uma ou outra das barraquinha algumas vezes. (Eles não tinham autorização para servir bebidas alcoólicas, mas, em segredo, com alguma insistência, discretamente, o vendedor sorria e servia uma generosa dose de pinga para abrir o apetite dos fregueses habituais da madrugada. Segredo de polichinelo: todo mundo sabia.) O prato pode ter salvado muitas vidas, mas, cá entre nós, nos primeiros anos da década de 70, o gosto era horrível. No entanto acredito na Elizabeth quando diz que o que era servido anteriormente, desde 1955, era bem melhor.

17. A Laranjada Americana da Travessa do Ouvidor ainda servia a famosa laranjada até recentemente, no mesmo lugar, com o mesmo sabor indefectível de que me lembro de meados da década de 60. Vou verificar se ainda está lá, mas não abre aos domingos.

Atualização em 18/08/2008, às 23h14min:

Quem quiser receber regularmente uma obra de arte em forma de ótimas histórias e belas imagens do Rio de Janeiro em sua caixa postal faça-se (isso! A si mesmo!) o favor de enviar um e-mail para a designer gráfica Elizabeth de Mattos Dias: rioquemoranomar@oi.com.br.

O de agosto, que ela gentilmente me enviou, além de bonito estava uma delícia.

Mas já é tarde e, se minhas filhas não me traíram, tem sorvete Kibon no congelador…

Podrão

Podrão é uma gíria carioca para um tipo específico de cachorro-quente feito em carrocinhas de vendedores ambulantes.
O termo, aumentativo de “podre”, deriva da má reputação de alguns destes vendedores, que usariam ingredientes de procedência pouco confiável e às vezes fora da validade. Além disso, as condições de higiene dos ambulantes nem sempre são submetidas à fiscalização da Vigilância Sanitária e em certos casos podem de fato disseminar doenças ou causar problemas digestivos.

(texo extraído da Wikipédia)

Sempre fui fã dos podrões, fã do Bob’s de madrugada (aqui na Tijuca ainda rola o Drive Thru). Mas de ums tempos pra cá, tenho me viciado num podrão diferente. Yaksoba. SIM. Yaksoba. Em plena Praça Saens Peña, um chinês, cujo apelido óbvio é “Chino”, monta sua barraca, quase todo dia, menos domingo e prepara na hora o tal famoso prato chinês: macarrão com repolho, cebola, cenoura, carne e muito molho shoyo. O preço? Inacreditáveis TRÊS E SETENTA. Sim. Uma delícia e baratinho. Tem um outro prato mais caro e mais cheio, claro. Mas o baratinho já mata a fome legal. Outro dia, depois de uma enoooorme fila, me flagrei imaginando quanta grana ele deve estar ganhando e o que ele vai fazer com ela. Visitar parentes na China? Comprar uma casa na Tijuca? Na minha vez, fiz o pedido e perguntei: “Há quanto tempo você mora aqui?”

Tlês anos.

Mas ele era tão concentrado que fiquei tímida de perguntar se morava sozinho, se sentia saudades da China. Sou muito curiosa. Besteira. Devo apenas comer o yaksoba. The lícia. Recomendo.

E cruuuuzam o disco final…

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Aqui no Centro, sexta-feira é dia da plebe pagar de rei e tentar almoçar com charme e requinte. Ou pelo menos tempo e fartura… Hoje o meu manto imperial foi esse nababesco bife à cavalo, apreciado na companhia de bons caléga de repartição no sensacional Bar do Zé, quase na esquina da rua do Carmo com a Sete de Setembro.

A gente até tentou comer as saladas metidas a besta do Gula Gula, mas uma espera de quase 20 minutos por uma mesa desanimou a trupe. Resultado: fui pro Bar do Zé e me vinguei, arregaçando geral no bifão com um ovo por cima, que lá se chama Bife à Zé do Jockey (mas no fim eu fico mesmo é com a versão do Tiririca, gênio da raça, e que chama o nobre prato de “bife do olhão”).

Uanderfuuuuuu… Marvelousssss……..

Bacate Batido com Bacaxi

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Depois do Big Bi, do Bibi e do BB, o LeBBlon ganhou mais uma loja de sucos batizada com double B: a Big Beach, na esquina da Dias Ferreira com a Bartolomeu Mitre.

Taí: se eu abrisse uma dessas, ela ia se chamar Bruna Beber.

Da manga-rosa quero o gosto e o sumo

Se tem uma hora em que eu realmente fico feliz de morar no Rio é quando vou a essas lojas de suco espalhadas pela cidade, sejam as mais conhecidas, como o Bibi Sucos, ou as pequenitas, exclusivas dos bairros.

Beleza, outros lugares têm suas maravilhas, bons vinhos, bons peixes, bons doces e tal, mas imagino que a minha cidade seja a campeã mundial dos sucos e vitaminas. Viva o Brasil e maravilhas como o açaí, o embu, o caju, a pitanga, a mangaba e todas as misturas que podemos fazer com eles, como sugere o vasto cardápio do Boomerang Mix, no Humaitá.

Pra terminar, minha homenagem ao grande Pepê, pai de todos. Aloha!

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Minha cachacinha: açaí, granola e banana no Fruti Vita, lojinha que eu considero imbatível (Rua República do Peru, 143 Loja C – Copacabana)

Da série brincadeiras cariocas: Cidade Alta

Leia atentamente ao parágrafo abaixo e responda à questão:

“Perdi uma virgindade extra no sábado passado e essa minha primeira vez foi muito mais do que eu poderia esperar. Logo no primeiro encontro, ele se apresenta portentoso e me mostra suas escolhas raras, de tão bom gosto. Ele é delicado, elegante, suas roupas são de grifes internacionais e seus sapatos, desenhados com exclusividade pelos melhores estilistas do ramo. Ele conhece tecnologia como só os holandeses entendem e tem paladar apuradíssimo para sorvetes. Ele tem caminhos que fiz questão de desconhecer por tanto tempo, justamente porque sabia que poderiam me iludir. E iludiram. Ele me fez carinho desde a garagem e, ao entrar em sua casa, cada quarto seu me era um mundo inatingível, mas lindo de se admirar. E a cada passo dado por seus salões imensos de iluminação baixa, eu sonhava ainda mais com aqueles brinquedos todos, e me perguntava como diabos ele tinha aquilo tudo e continuava sendo assim, tão low profile. Concedi calada, mas com gosto, que ele me penetrasse com toda a elegância. Eu não tinha nada para oferecer, mas ele me quis ainda assim. E quando entrei em uma de suas salas de banho, foi aí que veio o gozo – eu era uma dama e tinha à minha disposição medicamentos, algodão, agulha, linha para tecido e até para cotton. E eu disse sim.”

Quem é esse carioca tão cheio de charme?

O vencedor ganha um beijo da Christiane Torloni e um abraço da Marília Pêra.

Boa sorte!

O patinho do João

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Outro dia eu zapeava com o contrôle e acabei parando em um daqueles canais educativos da TV. Ele dava uma entrevista e falava animadamente sobre alguma gravação ou show, não sei ao certo, porque eu só conseguia pensar e me lembrar daquela história, faz uns cinco anos, eu acho.

Joana virou pra alguém no Baixo Gávea e disse que ia rolar uma festa do filho do João Bosco, na casa do pai dele no alto Jardim Botânico, se não me engano. Éramos aí uns dez ou doze. Ela falou que não era liberada a entrada mas, se a gente quisesse tentar, pelo menos que se comprasse cerveja pra levar. Beleza, dito e feito. Todo mundo comprando uma caixa de cerveja. Geralmente neguinho faz um certo corpo mole mas naquele dia todo mundo comprou uma caixa de cerveja e o fato é que entramos na casa do grande músico mineiro com umas 120 cervas, na boa.

Apenas ela, era de fato convidada. Entretanto chegamos lá e entramos todos, tudo certo. Lá pelas tantas, estamos ali conversando em grupo no meio da festa e chega o cara — o filho do João — e pergunta meio na lata: – Legal, mas quem convidou vocês? Na hora, foi esquisito aquilo. Mas acho que deve ter me vindo à memória, inconscientemente, a lembrança do filme “Os suspeitos” — The Usual Suspects — quando na cena final, antológica, o menos suspeito e o mais culpado dos cinco presos, Verbal Kint (Kevin Spacey) constrói uma mentira em poucos minutos usando apenas dados e nomes que lia no quadro de recortes do inspetor Dave Kujan, interpretado pelo Chazz Palminteri. Tarde demais ele descobre que fora solto o perigoso, o lendário, o terrível chefão do crime oriental: Kayser Soze.

Pois é. Eu tinha visto as esculturas de papel marchê da mãe dele – Ângela Bosco – na parede, anteriormente, e aí, meio no desespero, falei que eu também era artista e conhecia a Ângela, gostava do trabalho dela, etc e tal. Quis o Bom Senhor que ela não estivesse ali, na ocasião. Foi foda. Depois eu acho que o cara relaxou, viu que era tudo sangue bom e deixou pra lá.

A festa foi boa. Não faltou bebida. Havia tanta cerveja mas tanta cerveja que lá pelas tantas um pessoal aí, que eu não vou entregar, resolveu levar de volta pra casa umas caixas, pô, maior desperdício, trocentas cervejas, os caras não vão dar conta. Bote fé, eu pensei. Entretanto, não sei porque, achei bizarro três caras saindo com três caixas de cerveja, ao mesmo tempo… Resolvi então abrir o freezer e encontrei diversos pacotes de carne congelada, empilhadas. Um monte de carne. Peguei uma ao acaso. Não escolhi, peguei a primeira da pilha. Entramos no Fusca e foi cada um pra sua casa com seu troféu debaixo do braço. Maluquice de bêbado, eu sei. No dia seguinte caiu a ficha de que eu tinha afanado um kilo de patinho moído congelado da geladeira do João Bosco. Pensei em devolver, mas achei que seria o maior mico e deixei pra lá. Se eu comi a carne? Não, eu não comi a carne, mas meus dois gatinhos a comeram, em três ou quatro dias, com grande satisfação.

Aí, João, fico te devendo essa, valeu?

Foto: Mário Luiz Thompson

Simplesmente

(vulgo Somente, Sta Tereza, Rio de Janeth)

no guardanapo escrevi
uma carta, um poema
um hino-conflito de amor
sobre a tristeza de quem
sente saudade

eu pedia socorro ao tempo
e perdão ao passado
e pro garçom, na juke box,
uma canção do Odair
que me toca fundo n’alma

descrevi o bar, a bebida
dizia que esperava, riscava
a despedida. eu falava
dos teus olhos nos meus
e da falta do teu corpo
por perto

conversava sozinho
chorava baixinho
e van gogh
da parede contemplava
meu girassol na lapela.

Chicos bar

O podrão é uma arte. Digam o que quiserem, mas não há nada mais carinhoso e acolhedor do que um bom cachorro-quente numa madrugada depois da sessão etílica.

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Já experimentei vários e criei meu ranking mental. Tive momentos mágicos de prazer e apreensão, em noitadas na Rua Ceará, Lapa e Mourisco. Meu contador geiger nunca passou do amarelo, por isso ainda arrisco ovinhos de codorna, molho rosé e iguarias afins.

Na semana passada, depois de uma noitada na Drinkeria Maldita, Voluntários da Pátria-quase-praia, descobri o Chico. Fica embaixo do viaduto que, no sentido contrário, termina a Praia de Botafogo.

O Chico entra na categoria enterprise de podrões. É bem estabelecido, conta com um dos cardápios mais extensos que já vi e atende com uma equipe, para garantir a rápida refeição, com ótimo preço.

O caráter pitoresco do Chico fica com as mensagens distribuídas pelo cardápio, que vão do pedido de paciência ao cliente ao de não fazer barulho e respeitar os moradores do local.

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