Rio que mora no mar
O jornal O Globo de hoje traz, na coluna Boa Gente do Segundo Caderno (infelizmente só disponível na net para assinantes, o que eu lamento, mesmo sendo assinante), depoimentos de vários cariocas ilustres sobre os “sabores perdidos” do Rio de Janeiro.
Uma reportagem deliciosa para a memória.
Em destaque, o depoimento de Elizabeth de Mattos Dias que distribui por e-mail listas com as boas coisas do Rio. (Suspeito que o O novo blog Rio que mora no mar , ainda sem identificação de autoria, seja é uma criação dela. O primeiro post é lindo. Tomara que ela tome gosto pela coisa!)
Transcrevo a lista de Elizabeth:
ÁGUA NA BOCA
- 1. O arroz doce da leiteria Mineira;
2. O mingau da Boi;
3. Sorvetes do Morais, em Ipanema, a Sorveteria das Crianças;
4. A banana split da lanchonete da Mesbla;
5. A comida árabe do Baalbek, na Galeria Menescal, em Copacabana;
6. O cassoulet do Penafiel;
7. O espaguete do Giotto, em Botafogo;
8. Os pastéis do Bar do Adão, no Grajaú e em Botafogo;
9. Os bolinhos de bacalhau do Rei do Bacalhau, no Encantado;
10. O pão francês da padaria Eldorado, em Ipanema;
11. As tortas da Gerbô;
12. Doces da Confeitaria Tijuca (onde hoje fica uma Lojas Americanas);
13. O cachorro quente das lojas Americanas;
14. A maçã caramelada da Galeria Menescal;
15. Angu do Gomes na Praça XV;
16. Mate no copo de papel com base de alumínio da Casa Flora, na Ramalho Ortigão;
17. Laranjada americana da Travessa do Ouvidor;
18. Pirulitos de cone nas ruas;
19. Madrilenho da confeitaria Manon;
20. Maravilha de camarão da Colombo.
Concordo com tudo e muitas dessas comidinhas faziam parte do meu menu até o início da década de 70.
Algumas observações pessoais sem fugir da lista original:
15. O Angu do Gomes da Praça XV está presente em muitas destas listas… Estudante, morador de Niterói e freqüentador da Praça XV e do Largo do Machado em horas fora do relógio dos seres humanos normais, eu ataquei uma ou outra das barraquinha algumas vezes. (Eles não tinham autorização para servir bebidas alcoólicas, mas, em segredo, com alguma insistência, discretamente, o vendedor sorria e servia uma generosa dose de pinga para abrir o apetite dos fregueses habituais da madrugada. Segredo de polichinelo: todo mundo sabia.) O prato pode ter salvado muitas vidas, mas, cá entre nós, nos primeiros anos da década de 70, o gosto era horrível. No entanto acredito na Elizabeth quando diz que o que era servido anteriormente, desde 1955, era bem melhor.
17. A Laranjada Americana da Travessa do Ouvidor ainda servia a famosa laranjada até recentemente, no mesmo lugar, com o mesmo sabor indefectível de que me lembro de meados da década de 60. Vou verificar se ainda está lá, mas não abre aos domingos.
Atualização em 18/08/2008, às 23h14min:
Quem quiser receber regularmente uma obra de arte em forma de ótimas histórias e belas imagens do Rio de Janeiro em sua caixa postal faça-se (isso! A si mesmo!) o favor de enviar um e-mail para a designer gráfica Elizabeth de Mattos Dias: rioquemoranomar@oi.com.br.
O de agosto, que ela gentilmente me enviou, além de bonito estava uma delícia.
Mas já é tarde e, se minhas filhas não me traíram, tem sorvete Kibon no congelador…